SÃO CAMPEÃS!

Bem leitoras e leitores. Já aviso que escrevo este texto no calor dos acontecimentos. Não, não é assalto ou qualquer tragédia. É emoção. É alegria. É beleza. É gol! Não, estas linhas não estão sendo escritas com atraso. Eu sei muito bem que o campeonato brasileiro de futebol já acabou, embora ainda tenha gente comemorando. Fazer o quê? Parabéns à urubuzada.

Cristiane (11), Marta (10), Maurine (2) e Renata Costa

O assunto de que trato aqui é futebol. Mas feminino – sim, mulheres de chuteira dão show! Duvida? Muito fácil! Procure no Youtube por qualquer vídeo de Marta Vieira da Silva. Ou melhor, sua majestade. Não convencido, procure por Cristiane de Souza da Silva. Ou melhor, sua majestade.

E se você acha que uma coroa não pode servir a duas rainhas, engana-se. A dupla de estrelas da Seleção Brasileira Feminina de Futebol são amigas e admiradoras do futebol uma da outra. Marta, a velocista, a habilidosa, a que chega, que distribui. Cristiane, a goleadora, a habilidosa, a centroavante nata, que conclui. Mas elas trocam de posição também. O difícil é escrever sobre, só assistindo a uma partida para explicar. Faltam palavras.

Não seria justo, porém, credenciar a ‘apenas’ Marta e Cristiane o título conquistado neste domingo antes do Natal, no Torneio Internacional de Futebol Feminino da Cidade de São Paulo. É preciso escalar todas! Andreia (soleira), Aline (ninguém dribla), Renata Costa, Janaína, Rosana, Maurine (a melhor jogadora da final), Francielly, Érika e Estér. Sim, são muitas novatas desde a prata em Beijing no ano passado.

Mas o nível do futebol apresentado pelas meninas não caiu. E o melhor é saber que nossa seleção é jovem, média de 22,5 anos. Marta tem 23 anos. Cristiane tem 24. A mais experiente é Andreia, com 32, e em plena forma (nada menos que três super defesas na final do torneio).

Sua majestade, Marta

Ah, sim, quer saber como foi o jogo? Bem, o México – seleção também renovada que segue o estilo de jogo da seleção dos Estados Unidos (as melhores do mundo em títulos conquistados) – começou na frente. Aos 11 minutos da etapa inicial a meio-armadora Dinora, num chute de fora da área, acertou o ângulo. Golaço, admito!

Acontece que as Mexicanas enfrentavam aquela que é, por talentos, por bola no pé, por volume de jogo, a melhor seleção do mundo. Escrevo isso com o aval de alguns ‘entendidos’ de futebol – inclusive meu pai. Mas mesmo que não tivesse o aval de ninguém, afirmaria o mesmo.

Fato é que aos 22 minutos, Maurine (a bela) cobrou escanteio e Aline mandou, de perna esquerda, para a rede. Empate! Depois, show de Marta, sua majestade. Numa saída de bola confusa da equipe adversária, rebote no meio campo e Marta, saindo da marcação, chutou com categoria na saída da goleira. Gol com assinatura de quem sabe o que faz com a bola nos pés!

Na virada de campo, as mexicanas voltaram com tudo. E, mantendo a escrita de outros torneios, quem ataca o Brasil, acaba tomando de goleada (vale a pena ver essas meninas jogando!). O terceiro gol brasileiro veio de uma jogada de Érika. A conclusão foi de Alina Garcia, contra (a bola bateu nela e entrou). A mesma Alina teve participação no quarto gol brasileiro, nascido de (outra) jogada de Marta. A arbitragem, porém, anotou gol para a rainha da bola (merecido!).

As rainhas da bola!

O México descontou com um chute de Nayeli. Um desvio em Estér tirou a goleira Andreia da bola. E quem achava que o México ainda poderia reagir só precisou esperar quatro minutos. Uma jogada linda de Cristiane, assistência perfeita para Marta. Domínio na perna direita. Chute com a esquerda. Gol! Goleada! 5 X 2 para o Brasil e título. Faltou alguma coisa? Sim, um golzinho de Cristiane. Ela merecia.

Ah, não poderia deixar de registrar o espetáculo nas arquibancadas. Pacaembu (SP) lotado para assistir a Seleção Feminina. Torcida empolgada pelo futebol alegre dessas meninas. Aplaudiram de pé, gritaram os nomes delas. E comemoraram muito junto com elas quando o jogo terminou. Empatia instantânea! Eu me emocionei em casa. Lindo de assistir. Parabéns também a toda a comissão técnica e os cumprimentos ao treinador Kleiton Lima.

E a torcida ainda não terminou. Amanhã tem eleição dos melhores da Fifa de 2010, em Zuriquena Suíça. Marta e Cristiane estarão lá junto a Inka Grings, Birgit Prinz (alemãs) e Kelly Smith (inglesa). Fato é que as brasileiras são favoritíssimas. E outro fato é que qualquer das duas que receberem a coroa, quer dizer, o prêmio, estará muito bem entregue. E eu não tenho dúvidas que as outras serão mais três a aplaudir a vencedora brasileira – qualquer resultado diferente deverá ser contestado!

A melhor seleção de futebol feminino do mundo (sem medo de errar!)

•.¸¸.ஐ Minha despedida

Estou cansada de estar sozinha. Estou cansada de coisas divididas em certo e errado. Estou cansada de religião. Estou cansada de mim. Se eu não fosse tão covarde, jogaria tudo para o alto e sairia viajando pelo mundo até encontrar aquele lugar que eu sonho em chamar de lar. Eu sei que o lar é onde o coração está e que ele pode ser uma pessoa. E eu confesso que pensei ter encontrado meu lar, mas eu sinto que o perdi.

E aonde está o meu coração agora? Eu sinceramente não sei. Eu queria poder respirar e me sinto sufocada. Eu queria parar de doer. Eu queria um abraço e alguém pra me cuidar e dizer que vai ficar tudo bem nos dias que eu vejo tudo cinza. Mas não tem ninguém. Eu queria não ser tão responsável e faltar ao trabalho só para ir ver o mar. Eu queria viver. Não pela metade, não incompleta, não com sorrisos que não têm sentido pra mim.

Cansei de ter a solidão como melhor amiga e de ser triste em essência. Sei que já disfarcei melhor. Sei também que a verdade talvez seja o meu princípio falho. Mas o que eu conheço da verdade? Eu já vivi realmente? Eu tenho muito mais perguntas em mim do que respostas. Sempre fui assim, só mudaram as interrogações. Poucas pessoas me olham nos olhos. Não fico chateada com isso. Por vezes, eu mesma não me sustento olhar. Tenho interrogações demais e transbordo, sempre.

Por que viver me dói tanto? Eu já pensei em morrer. Já desejei isso ardentemente. Até que me convenci de que um caixão e um túmulo não me resolveriam os conflitos. E eu não acredito que tenha só esta vida, sei que já vive e voltei. Sei que voltarei novamente. Mas preciso crescer agora. Ainda que esse mundo me doa. Ainda que a doutrina pregada me fira no íntimo.

Eu sinto falta de um mundo que não existe. Sinto falta do meu eu que não mais existe. Sinto falta de carinho, de abraço e sossego. Sinto falta de ser entendida, de um chão debaixo dos meus pés e de um rumo diante dos meus olhos. Eu sinto falta de amor, do meu jardim, das roseiras da minha avó e do pé de cajá.

Eu estou cansada de fazer tudo mecanicamente. Acordar, estudar, trabalhar, comer, dormir. Estou cansada de apenas existir em dias sem sentido. Estou cansada de vazio, de distâncias, de não-presenças ao meu lado. Estou cansada de não pertencer ao meu tempo. Estou cansada.

Estou cansada dos tribunais diários, de ser um peso na vida de algumas pessoas. Não digo que eu estou certa e tudo no mundo está errado. Até porque, nada é uma coisa só, pelo menos pra mim. Mas eu ainda queria certa dose de coragem, certa dose de alegria. E ainda queira viver num mundo diferente. O meu consolo nisso tudo é o amor. E eu sou filha do amor, não de deus, nem do diabo. E o amor é livre. E até hoje eu nunca disse um 'eu te amo' que não fosse verdadeiro, disso não me podem culpar, ainda que crucifiquem o meu amor.

Mas agora, eu estou cansada. Cansada e sozinha.

Obrigada a tod@s pelo carinho com que sempre me leram. Mas agora eu preciso partir daqui por uns tempos... Não se volto cedo ou se não volto mais...
Beijos e borboleteios

•.¸¸.ஐ Porto solidão

Os pés tocam o mar
Mas o pensamento, ah...
O pensamento navega pelo oceano.

A maresia anuvia a razão
É quando o coração fala
E a alma vagueia
Onde está o porto onde ela ancorava?

Os dedos dos pés seguram a areia
As asas da alma, a esperança do encontro
Vejo outros barcos passarem
Vejo outros portos chegarem
Mas nenhum me parece seguro.

A luz de um foral distante
Lembra-me de seus olhos
E ainda que me doa a saudade
Eu continuo seguindo...

•.¸¸.ஐ Carta de lágrimas

Eu já não sei respirar quando estou longe de você. Juro que me falta o ar, a paixão bateu. Você é aquela mulher escondida nos versos de tantos poemas. Deste lado do rio eu posso ver tudo o que é seu. Delicadeza e mistério que nem você percebeu. Quero chamar sua atenção com as rimas das minhas estrofes.

Leio o seu nome nas águas do amor que correm a deslizar. Se eu não consigo dizer eu só posso escrever cartas com o olhar. Se eu arrisco a dizer, agora que estou longe de você, é porque deste lado do rio cada coisa é mais difícil se minhas mãos escorrem distantes de você.

Eu olho para o outro lado, onde você está, e minhas lágrimas escrevem o seu nome sobre a água do rio e suplicam para que o seu coração acolha o meu. Pra mim, você é não uma primavera, nem uma noite, é a minha vida e todas as estações. E eu fecho e abro os olhos e busco o seu sorriso para seguir.

Eu amo você.

•.¸¸.ஐ Dentro*

Sentou no chão do quarto e bateu a porta, como se aquele escândalo pudesse aliviar a dor que sentia. Fisicamente não estava machucada, era a alma que doía. Lancinante. Recolheu-se abraçada às pernas, cabeça baixa, olhos secos. O eco do ‘eu te amo’ recém-pronunciado só feria ainda mais. Ela não queria aquela frase e não podia dizer que também amava. Amava? Não sei, não sabia.

Foi só quando se sentiu morada do silêncio e nada mais ouvia, nem o passado, é que duas gotas lacrimejaram compridas pelo rosto, pelo chão. Escolhera magoar a si mesma por medo de ferir quem a amava quase incondicionalmente, mesmo que ela não se sentisse digna daquele amor. As gotas transformaram-se soluços e ela se sacudia como se pudesse se inventar de novo. Poderia? Não sei, não sabia.

No auge do choro, vieram as notas da música que ouvira no dia anterior. “Me escondi Pra não ter que ver você dizer Coisas que eu não merecia ouvir Era você ou eu”. Era a música dela, feita pra ela. Deixou as pernas se esticarem e largou os braços ao redor do corpo. Sentia-se incapaz, perdida.

Escolhi O pior lugar pra me esconder Me tranquei por dentro de você E não sei mais sair”. No íntimo, vinha nascendo, há tempos, uma certeza que se cristalizava. As lágrimas rareavam e ela fez força para levantar. De pé, para aonde seguir? Não sei, não sabia.

Pela rua penso em ti Volto em casa, penso em ti No trabalho sem querer Quando vejo tô pensando em você E surgi de onde eu não imaginei E aprendi que eu nunca sei Enganar meu coração”. A verdade com a qual ela não sabia lidar era que amava uma pessoa. Não, não era paixão. Não, não era um gostar intenso. E foi preciso se afastar pra ver o que outros já viam, já sabiam, menos ela (?).

Sim, ela amava uma pessoa. Fato aceito, não sabia o que fazer com tão grande sentimento. Não tinha um jarro, um pote, uma nécessaire onde pudesse guardar aquele amor. Mas amor não se guarda, ela sabia. Mas estava casada com alguém que a amava quase incondicionalmente, a quem ela jurara amar eternamente, a quem não podia, ou, não queria, de forma alguma machucar.

Escrevi frases soltas pelo chão Esperei você dormir Pra jurar minha paixão”. Trancou a porta antes de ouvir a primeira batida e a voz que lhe embalava os sonhos e não todos os desejos. Não respondeu. Ainda não tinha resposta. Abriu a gaveta de suas coisas e tirou de lá um bloco de folhas e caneta.

Clareou algumas palavras em pensamento antes de ferir a brancura do papel. Com quem lhe batia à porta e lhe chamava pelo nome e por todos os apelidos que lhe tinha carinhosamente posto, nunca se sentia sozinha. Com o motivo das lágrimas em seu rosto, não sabia esperar e procurava um futuro, sabíamos, que não podia lhe dar. Ainda assim, todo amor que dentro dela pode haver, insistia em bipartir em medidas desiguais.

Tentou escrever o futuro que queria (ou assim pensava que). Ela e a outra, num ambiente de palavras simples e amor calmo, com a verdade às claras. O quadro era lindo, mas irreal. Rasgou a folha até que não sobrasse uma frase inteira e cedeu às batidas na porta do quarto. Fitou demoradamente aqueles olhos castanhos fartos de brilho e de amor e se lançou ao encontro da mulher que a esperava.
- Eu também te amo!


*A música a que se refere este texto é Dentro, de Ana Carolina.

•.¸¸.ஐ Minha culpa

Uma nesga de luar transpassa a cortina...
abro minhas janelas e a luz me invade:
a madrugada se despe a minha volta.

Em meu íntimo ainda mora um sonho,
como se só sobrevivesse para escrever outra vez,
e nunca chega para mim o tempo da quietude,
pois não compreendo histórias lineares,
reações exatas ou gestos estudados.

Contorno meus lábios provando-os,
como se buscasse um vestígio qualquer
do 'eu te amo' tantas vezes pronunciado;
não me agradam essas palavras ressoando pela noite.

Visto-me de ousadia
e me entrego à liberdade de um voo solitário.
Sigo até o infinito na negra face do horizonte
buscando as cores distantes
que outrora compunham as trilhas do arco-íris,
onde habitam todas as minhas memórias.

Em meus borboleteios,
colho os botões de rosa orvalhados de Eros
nas primeiras horas das primaveras,
deixo espalhadas todas as minhas auroras,
abandono-me à doçura dos ocasos
e faço minha a voz do silêncio.

Imersa na cadência de um sussurro irrefletido,
meus passos nunca reconhecem o caminho
que impõe apenas o seguir em frente;
como relatar ao mundo o momento em que me detenho
a observar o acariciar do vento nas pétalas de uma flor?

Vinde, ó Musas!
Trazei as palavras que me escapam, as rimas que não encontro,
a paz que nunca esteve comigo,
posto ser minha alma feita de amor e de letras.

Vinde, filhas de Zeus!
Aplacai os gritos das marés de silêncio de minhas saudades
tocai com vossos dedos de nuvem em meu cerne
e fazei estancar o sangue de minhas feridas.

Assim como minha mestra, a Grande Sapphō´ de Lesbos,
declaro-me culpada de sempre despir minhas máscaras
por ser em outro olhar onde desejo me encontrar e me reconhecer...

•.¸¸.ஐ Atualidades ou na ia au

Amiga diz: Bruuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu
Bru diz: eu!
Amiga diz: tudo bem?
Bru diz: na ia au
Amiga diz: que isso?
Bru diz: na ia au
Amiga diz: tá, não quer falar, não fala... mas aqui, to com saudade de vc! Tenho tanta coisa pra te contar... Sabe aquelas coisas q só vc entende?
Bru diz: na ia au
Amiga diz: ai Bru! eu não sei o q eu faço, não sei o q eu quero fazer... sobre aquele assunto ainda.
Bru diz: na ia au
Amiga diz: Bru, vc tá bem, amiga? o q é isso q vc ta dizendo? não consta nos nossos códigos da nossa brilhante época de espiãs!
Bru diz: na ia au
Amiga diz: Bru!, tem mais um escândalo no Senado!
Bru diz: na ia au
Amiga diz: Bru, a Marta tá arrebentando na liga de futebol feminino nos EUA!
Bru diz: na ia au
Amiga diz: Bru, o Michael Jackson não morreu!
Bru diz: na ia au
Amiga diz: Bru, a playboy da Pri vai sair já já!
Bru diz: na ia au
Amiga diz: Bru, o Riquelme vai voltar pra seleção da Argentina!
Bru diz: na ia au
Amiga diz: Bru, vai ter outro show da Madonna no Brasil!
Bru diz: na ia au
Amiga diz: Bru, a Lucy Lawless vai fazer show aqui!
Bru diz: na ia au
Amiga diz: Bruuuuuuuuuuu, a Ana Carolina vai fazer show em Colatinaaaaaaaaaa!!!
Bru diz: na ia au
Amiga diz: BRU? O.O EU disse q a ANA CAROLINAAAAAAAAAAAA vai fazer show em COLATINAAAAAAAAAAAAA!
Bru diz: na ia au
Amiga diz: O QUE FIZERAM COM VOCÊ??? Bru, Bruzinha, anjinho meu, amora da vida de tanta gente... O q foi q houve?
Bru diz: hein?
Amiga diz: FALA DIREITO COMIGO A-GO-RAAAAAAAA!
Bru diz: ah... é só que eu acho q vou me casar...
Amiga diz: VOCÊ VAI O QUE?????????????????? *caiu*
Bru diz: é, é... eu acho q eu vou me casar...


•.¸¸.ஐEspecialmente para minha LORA! (que está morena e é absolutamente linda!)

•.¸¸.ஐ Confissões de uma maior apaixonada

Ah, como eu queria ver os seus olhos, agora, aqui! Ah, como eu precisava ver você nesse instante... Eu não sei como você não percebe o que salta dos meus olhos cada vez que você sorri. Ah, o que eu não faria pelo brilho dos seus olhos?

Sabe, você diz que eu sou forte, determinada. É, acho que eu finjo bem. Porque eu não sou nada disso. Eu me escondo em outras pra você não me ver na essência. Porque aí, você ia ver que a minha essência tem mais de você do que eu imaginei que pudesse caber de outra pessoa em mim.

Sabe, você está longe, bem longe daqui agora. E eu não consigo dormir. Porque eu sei que vou ver os seus olhos, o seu sorriso, você inteira. E eu acordo doendo de saudade, engasgada pela minha covardia em seguir amando você em silêncio, todos os dias, um pouquinho mais.

Sabe, cada vez que você entristece, eu morro um pouquinho. Eu queria poder pegar você no colo e cuidar. Dizer que vai ficar tudo bem, fazer ficar tudo bem e fazer você sorrir. Abraçar bem apertado, até que você não sentisse mais nada, nada além do que eu sinto por você.

Sabe, eu tenho tanto medo que você se machuque, que não me importo de sentir qualquer dor no seu lugar. Eu quero tanto que você seja feliz, que não me importo em dar os meus sorrisos. Eu desejo, mais do que tudo, tocar o seu olhar e me perco em pensamentos toda vez que estou na sua frente.

Não, você não sabe. Aliás, você nem pensa ou sonha ou quer nada disso. E eu entendo, mas não posso fingir que não dói. E eu busco refúgio na madrugada porque com a noite as coisas concretas se apagam. A pouca luz impõe uma ausência necessária e, quem sabe?, um pouco de juizo. O telefone não toca. As ambições parecem dormir, ou consigo enterrá-las por mais um dia.

Mas eu sei que tudo o que não pode ser visto transborda e se enamora das sombras e do silêncio disponível. Até eu não aguentar mais e gritar, como eu estou fazendo agora, mesmo sabendo que você não vai me ouvir...

•.¸¸.ஐ Tempo

Eu só queria entender como pode a vida de alguém acabar antes do final...



No dedo ainda resta um novelo de esperança. A noite cai de minhas mãos, enquanto na ausência de tua companhia, minha certeza de sim silencia. Porque olhares e fulgores, detalhes e amores não alcançam a névoa daquilo que nunca foi dito...

O nó da tristeza apertou assim que o dia amanheceu. Meus sóis não esperavam o vértice de minha retina. E eu me voltei para dentro de mim tarde demais para perceber que os destinos encontrar-se-iam ao encontro de si mesmos, enlaçados pela força de seus braços invisíveis.

Já é meia noite, meia calça, meio fio dessa infinda estrada de espera. Dói. Há coxos degraus quebrando o encanto do cristal em minha vida compassada. Dói. Venha e vista-se a assaltar olhares, que os próximos pares serão passos que saltarão do alto de seu scarpin.

Sei que és palavra em silêncio. Sei que danças. És trança desenhando o continente das mãos que contornam a flor de tua pele. Na escuridão de meu denso olhar, és dueto e alicerce de minha alma...

Mas e se a saída for mais que um nome, algo além da entrada, o começo, a chegada, o final? Sinal de que tudo é questão de tempo, inclusive a distância na constância do adeus...

•.¸¸.ஐ Chama a Ana

Amiga 1: tô preocupada com a Bru
Amiga 2: por quê? o que ela tem?
Amiga 1: não sei, acho que nem ela sabe direito, mas ela tá triste.
Amiga 2: hum... a Bru tem umas fases de melancolia intensa. apesar de eu não gostar quando ela fica desse jeito, é quando ela escreve incrivelmente.
Amiga1: é, já reparei isso também.
Amiga 2: teve uma vez que impliquei com ela, dizendo que ela era filha da Maysa...
Ambas: risos
Amiga 1: mas, mesmo assim, me dói ver ela tristinha...
Amiga 2: tenho uma receita infalível pra fazer ela melhorar, nem que seja um pouco. e tristinha é bem bondade sua.
Amiga 1: receita? fala logo!
Amiga 2: chama a Ana!
Amiga 1: quem é essa?
Amiga 2: dãaaaaaaaa! ANA CAROLINAAAAAAAAAA!
Amiga 1: aaaaaaaaaaaaaaaaah! rsrsrsrsrsrsrs
Amiga 2: amiga, se tem uma coisa na vida com a qual nós temos de nos conformar é que se tem alguém capaz de transformar a Bru instantaneamente, essa pessoa é a Ana Carolina.
Amiga 1: é, incrível como ela gosta da Ana.
Amiga 2: gostar? não. eu não sei nomear o que a Bru sente pela Ana, precisa ver. Sabe aqueles olhos de boneca que a Bru tem?
Amiga 1: sei, são tão lindos...
Amiga 2: é, eu sei que são. Bem, quando ela fala da Ana, eles brilham dez, vinte, sei lá quantas vezes mais.
Amiga 1: hahaha, foi só a gente começar a falar da Ana que ela entrou.
Amiga 2: vou puxar a Bru pra cá.
Bru: oie!
Amiga 1: tá melhor, Bruzinha?
Bru: não... e nem tô querendo pensar nisso, basta a confusão que já tá na minha cabeça.
Amiga 2: adivinha do que a gente tava falando?
Bru: hum... muito fácil essa! de mulher! heheheheh =P
Amiga 1: claro, mas não de qualquer mulher.
Amiga 2: estávamos falando da sua preferida.
Bru: opa, opa, opa! o que vocês estavam falando da Ana?!
Ambas: muitos risos.
Amiga 2: estávamos justamente falando o quanto você, sei lá, pira com a Ana.
Bru: acho que a palavra é desestabilizo.
Amiga 1: eu não sei o que você vê nela, Bru.
Bru: ¬¬’
Amiga 2: algumas coisas não têm explicação...
Bru: acho que eu vejo tudo nela...
Amiga 1: como assim?
Bru: você não estava no dia em que estávamos elegendo as musas nas categorias mais gostosa, mais sexy, mais desejável e mais bela. Bom, eu preferi não votar porque sabia que ninguém ia concordar comigo.
Amiga 2: de fato!
Amiga 1: por quê?
Bru: porque pra mim a mesma pessoa preenche todos esses requisitos. Eu iria votar na Ana em todas as categorias.
Amiga 1: O QUE? =O O.o
Amiga 2: nem a Angelina sexy Jolie, nem a Lucy gostosa (ui!) Lawless, a Bru só vota na Ana.
Bru: sabe quando ela dá aquele meio riso, com cara de quem vai aprontar alguma coisa?
Amiga 2: e a Bru doida pra aprontar junto... hoho
Amiga 1: sei
Bru: eu estremeço toda! Nem sei explicar, mas a Ana tem alguma coisa que me desestabiliza.
Amiga 1: ai Bru, se eu pudesse, levava ela pra você.
Bru: *-* bom, eu adoraria ficar aqui, falando da Ana *suspiros*, mas eu tenho trabalhos da Ufes pra fazer... pqp!
Amiga 2: vai lá Bruzinha... e pensa na Ana! rsrsrsrsrs
Bru: eu já penso demais nela...
Amiga 1: e sonha demais também...
Bru: ô! nem me fale... HoHo
Amiga 2: qualquer coisa, apela pro banho frio! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Bru: engraçadinha! ¬¬’ beijos
Amiga 1: de fato, é incrível!
Amiga 2: eu não falei? a Bru tá triste? Chama a Ana!

P.S.: com aquele terninho branco, calça preta e sapatinho bicolor, por favor! *__________________________*

ANAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!!!

•.¸¸.ஐ Sussurros da alma

EU:
não consigo explicar o que fiz ao certo
talvez seja exatamente o que fiz de errado
e a noite parou de me falar
e o vento cansou de cantar a meus ouvidos
e a lua não me olha mais

dói não saber me dar as respostas
dói fechar os olhos e desconfiar dos sonhos
dói saber que não é certo querer
e continuar assim, tão querente...

de tanto me esquecer, acabei perdida em outras
de tanto me metamorfosear, acabei perdendo a essência
de tanto me procurar, acabei encontrando dores
e mesmo no sorriso, a alma chora em mim

uma borboleta de silêncio atravessou os versos ao meio
erguendo-se asas trôpegas, veio acudir-me da insônia
a poucos passos de meus pecados,
duas gotas compridas lacrimejaram inquietações

que quer que eu diga mais?
como sabe que eu me sinto?
qual delas quer que eu seja agora?
por que não me deixa em paz?

A ALMA:
estou assim porque você está assim
você me faz perguntas, mas não tenho as respostas
e sei que isso a faz infeliz...
você se sente pequena, e isso me faz pequena também...
você está tão só, e eu me sinto sem você...

•.¸¸.ஐPedido de desculpas e a revelação de um amor

Antes de postar outro texto, quero pedir desculpas a amig@s blogueir@s, leitoras / leitores deste meu pedacinho do céu. Eu sei que estou em falta com tod@s, que quase não tenho postado e quase não tenho visitado os blogues que eu adoro ler. E sei também que a minha desculpa é clichê: falta de tempo.

Os trabalhos da faculdade tornam-se cada vez mais elaborados. E as coisas no estágio estão num ritmo super acelerado. Eu peço que tenham paciência comigo pelo menos até julho – que é quando as férias chegam (preciso tanto delas!). Aí, pelo menos da Ufes, não terei mais trabalhos... Desculpem-me, sinceramente. E saiba que lê-l@s me faz muita falta!

•.¸¸.ஐ Só, simplesmente
O ponto de ônibus estava ainda mais cheio de gente hoje. E aqui faz um friozinho bom de envolver num moletom e melhor ainda, num abraço. Mas eu não tenho abraço, então fico com meu capotinho cinza. Estava com minha mochila e um livro (quase sempre carrego um para me sentir menos só e poder me esquecer de mim e viver uma vida fantástica, por algumas horas pelo menos).

O transcol estava (novidade!) cheio. Fui passando entre pessoas até chegar lá atrás, onde eu pelo menos evitaria de ficar no caminho dos passageiros a descer. O trânsito, como sempre, estava insuportável. Com um suspiro, resignei-me a ficar de pé. Para distrair, busquei o céu. Nada de estrelas. Nenhuma nuvem fora do lugar. Tudo limpo. E ela.

Pude perceber olhares me observando enquanto eu sorria, supostamente, para ninguém. Mas lá estava a Lua, cheia, na imensidão de ser só (como eu). Mergulhei em tergiversações internas e comparações íntimas entre a Dama Celeste e eu (ousadia pura, eu sei). Como que cúmplice de minha viagem, o motorista mudou a rota e seguiu por um caminho onde eu nunca havia passado antes (para dores maiores em meus joelhos).

Tive tempo de deixar minha mente trabalhar até se concentrar unicamente na Lua... Cheia. As luzes da cidade brilhavam menos. Ou meus olhos só enxergavam o brilho dela. Aí me lembrei de ter lido ou ouvido alguém dizer que de todos os amores, na vida, a gente tem um que não esquece. Eu já encontrei o meu, a Lua.

Para terminar, vou deixar um trecho de uma composição da Maysa, a primeira mulher por quem eu me apaixonei, ainda criança, e que me fazia dormir e sonhar com o mar ao som de Barquinho.

“Só digo o que penso, só faço o que gosto e aquilo que creio. E se alguém não quiser entender e falar pois que fale. Eu não vou me importar com a maldade de quem nada sabe”. (Resposta)

•.¸¸.ஐDeixa?

Amor...

Deixa-me ser sombra do teu corpo
dos teus dedos, aliança
acarinhar teus cabelos que voam ao sabor do vento
como manadas que sobem fogosamente à montanha
à procura de algo que não compreendo

Deixa-me ser a sombra do teu sorriso
do teu olhar cor de mel e do cetim macio
deixa-me provar-te e sentir os teus lábios suaves
eu já apaguei a luz do quarto minguante da Lua
para poder ter a forma tua
no reflexo da minha íris

Deixa?


P.S.: Quando eu digo mulher, quero dizer teus olhos. Quando eu digo amor, quero dizer teu nome!
S'AGAPO!

Trilha sonora: Ilegais - Vanessa da Mata

•.¸¸.ஐ Uma antiga revolta temperada com TPM

Não é de hoje que eu acompanho toda discussão e consequente polêmica e/ou debate em torno de leis que concedem direitos a homossexuais e tornam crime a homofobia. O mais recente capítulo dessa novela se deve ao lançamento do Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos, no dia 14 de maio.

Dando uma geral sobre o que se trata (Bru jornalista se intrometendo no desabafo): os livros didáticos deverão incluir, até 2011, a temática das famílias compostas por lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais; reconhecimento dos direitos civis de casais homossexuais; criação de dispositivos legais e jurídicos que garantam o direito do casal homossexual de adotar filhos; modificação da legislação do imposto de renda para que parceiros do mesmo sexo possam ser incluídos como dependentes; suspensão da proibição (ridícula!) da Anvisa de que homossexuais não podem ser doadores de sangue. Em palavras mais bonitas: o plano orientará a elaboração de políticas públicas de curto e médio prazo voltadas à inclusão social e combate às desigualdades. *tremulando a bandeirinha do arco-íris – que mantém o hífen mesmo após a reforma ortográfica*

*Contexto: Bru de cara feia para as notícias sobre o lançamento do Plano*
“Bru, o plano é super completo, vai de encontro a todas as reivindicações dos movimentos LGBT. A iniciativa merece aplausos”. 
Será?

Tudo muito bonito se não vivêssemos ainda numa sociedade infectada – sim, essa é a palavra – por pessoas com mentalidade da Idade Média, dominada pela moral judaico-cristã vigente naquela época. *respira fundo*

Eu não nego o valor do Plano..., reconheço sua devida importância. Aliás, não é com o projeto que estou revoltada, é com as pessoas mesmo. Não, não com toda humanidade. Porque eu realmente credito que ainda há aqueles que pensam, que entenderão o que eu escrevo nestas linhas. *coleguinh@s, unamo-nos! - e isso não é uma convocação par parada lgbt*

Bom, para começar, se vivêssemos numa sociedade de fato civilizada, o Plano não teria razão de existir (oooooooooooooooooooh!). Simplesmente porque ter os direitos civis assegurados por uma Constituição Federal não dependeria de com quem a cidadã – ladies first! – ou o cidadão divide a cama. Aliás, que eu saiba, não existe um único artigo, parágrafo, inciso, ou seja lá que nomenclatura os homo sapiens sapiens ingravataduss do Direito deram para qualquer palavra existente na Carta Magna, dizendo ser a nossa Lei maior exclusiva para os heterossexuais.

Vamos para a prática que um pouquinho de realidade não faz mal a ninguém. Heteros votam, pagam impostos, estudam, trabalham, transam, divertem-se, comem, bebem e fazem suas necessidades fisiológicas. Homossexuais também (mo bem, não somos aliens vindos do espaço)! A única diferença é com quem vamos para a cama. No ‘mundo hetero’, meninas ficam com meninos. Já no ‘mundo LGBT’, meninas ficam com meninas, meninos ficam com meninos, meninas ficam com meninas e meninos, enfim, cada um fica com quem se sente melhor (e todo mundo é feliz \o/).

O fato é que as mesmas obrigações que os heterossexuais cumprem os homossexuais cumprem. E será que alguém consegue me explicar por que é que só os homossexuais é que ainda têm que lutar para terem os mesmo direitos já garantidos aos heterossexuais? A única explicação se funda no atraso mental e na hipocrisia social. Quando eu defendo que as religiões judaico-cristãs e as derivadas (sempre guardadas as devidas exceções) só serviram para atraso da humanidade... *paciência zen*

Se eu for externar a minha revolta toda de uma vez, acabarei escrevendo um tratado, então procurarei me conter um pouco. Eu só não posso de deixar de comentar aqui sobre uma defesa constante que ouço daqueles que se posicionam contrários à adoção de crianças por casais homossexuais (adivinha de que grupos essas pessoas são? Sempre pertencem a alguma igreja...).

O argumento levantado é que uma criança criada por pais homossexuais pode apresentar traumas, distúrbios, podem ser influenciadas a serem também homossexuais (por acaso ser homossexual é um distúrbio?). Oh, mas que perigo que é ser homossexual (no argumento das pessoas religiosas, homossexual é sinônimo de anomalia, de mal social). Pois bem. Será que ninguém NUNCA parou para pensar nos traumas e distúrbios sofrem muitas crianças homossexuais criadas por casais heterossexuais? Mesmo que esses casais sejam os pais dessas crianças?

Pois eu não estou dizendo nenhum absurdo. Acontece que as pessoas que se posicionam de modo contrário ao direito dos casais homo adotarem parecem considerar que só há homossexuais adultos, que ser homossexual seja uma opção, uma escolha que uma pessoa faz na idade adulta, assim como escolhe o carro que vai comprar, por exemplo.

Eu não vou dizer aqui que isso de ‘virar gay’ não existe. Só que também não vou ficar louca tentando justificar ou, mais ainda, tentando encontrar uma causa para a homossexualidade. Por acaso existem estudos sobre a heterossexualidade? Óbvio que não. Homossexuais e heterossexuais existem desde que a humanidade existe. Aliás, desde que a vida existe, porque o homossexualismo também é COMUM, NORMAL, PRESENTE em diversas espécies do reino animal (entre peixes, répteis, anfíbios, aves e mamíferos. Um exemplo? Nosso querido rei da selva, o leão).

Mas voltando à questão que eu me propus a levantar. Não digo nenhum absurdo quando menciono o fato de crianças, adolescentes, jovens, adultos, idosos homossexuais sofrerem de traumas ou distúrbios psicológicos por terem sido criados por pais completamente despreparados (graças às religiões judaico-cristãs e derivadas!) para lidarem com a NATUREZA homossexual de seus filhos. E NINGUÉM QUESTIONA ISSO! Por quê? 

“Porque o errado é o filho homossexual, porque isso é uma doença, porque isso é uma vergonha para a família”. Juro que se ouço alguém dizendo alguma asneira dessas do meu lado eu não me seguro mais, mesmo sendo aprendiz da paciência oriental e de mestra Lao Ma (adoraria ter o'poderzinho' dela).

Como, porém, quem conta a História são os vencedores ou a maioria, não existem muitos relatos ou tratados de como era o relacionamento de pais com filhos homossexuais antes de as religiões judaico-cristãs e derivadas se alastrarem pelo globo. Mas não se conhece também nenhuma repressão ao homossexualismo até o domínio do pensamento ser invadido pelas religiões já citadas. Na época dos deuses antigos, até mesmo divindades eram descritas em relações com deuses do mesmo sexo (saudades desses bons tempos...). Dói-me um pouquinho admitir que foi Platão a lançar sementinhas que germinaram feito ervas daninhas e geraram grande parte da doutrina judaico-cristã (mesmo que por distorções enormes do pensamento do filósofo grego). 

Bom, depois de me lançar a essa nada pequena exposição, já sinto a calma retornando. Mas quero ainda registrar aqui meu repúdio por esta sociedade cujo fator determinante para se ter direito a ter direitos é o ato sexual (com quem se transa ou não). E quero também relembrar que a Revolução Francesa aconteceu em 1789 e, desde então, institui-se o ESTADO LAICO, a SEPARAÇÃO entre Estado e Igreja. E eu ainda tenho esperanças de que futuras discussões que competem EXCLUSIVAMENTE ao Estado não sejam influenciadas por nenhum pensamento religioso. 

Eu preciso esclarecer ainda que não defendo o fim das religiões – de nenhuma delas. E as igrejas têm todo o direito de continuarem com suas doutrinas e defendendo suas ideias anacrônicas e preconceituosas. E as pessoas que quiserem têm todo o direito de segui-las e acreditar nelas. Só que eu me recuso a admitir que isso interfira de forma significativa na minha vida enquanto cidadã. A Idade Média já passou e eu não devo satisfações a padre algum ou a qualquer pastor. 

Para terminar, devo dizer que não ligo de ser chamada de louca ou de anormal. Responderei com Oscar Wilde, segundo o qual o conceito de “normalidade” é ilusão imbecil e estéril.

•.¸¸.ஐDor

A dor é um caminho longo
muito longo
em busca de atalhos

•.¸¸.ஐE esqueço que amar é quase uma dor

Quando o amor me chamou, segui-o, embora seus caminhos sejam agrestes e escarpados. E quando ele me envolveu com suas asas, cedi-lhe, embora a espada oculta na sua plumagem possa me ferir. E quando o amor me falou, acreditei nele, embora sua voz possa despedaçar meus sonhos como o vento devasta o jardim. Pois, da mesma forma que o amor me coroa, assim ele me crucifica. 

E da mesma forma que contribui para meu crescimento, trabalha para minha poda. E da mesma forma que alcança minha altura e acaricia meus ramos mais tenros que se embalam ao sol, assim também desce até minhas raízes e as sacode no meu apego à terra.

Como feixes de trigo, o amor me aperta junto ao meu coração. Ele me debulha para expor a minha nudez, peneira-me para libertar-me das palhas, mói-me até a extrema brancura e me amassa até que me torne maleável.

Então, o amor me leva ao fogo sagrado e me transforma na ambrosia do banquete divino. Todas essas coisas, o amor opera em mim para que conheça os segredos de meu coração e, com esse conhecimento, converta-me na ambrosia do banquete divino.

Todavia, se em meu temor, procurar somente a paz e o gozo do amor, então seria melhor que cobrisse minha nudez e abandonasse a eira do amor para entrar num mundo sem estações, onde rirei, mas não todos os meus risos, e chorareis, mas não todas as minhas lágrimas.

O amor nada dá senão de si próprio e nada recebe senão de si próprio. O amor não possui, nem se deixa possuir. Pois o amor basta-se a si mesmo. E não imagino que possa dirigir o curso do amor, pois o amor, se me achar digna, determinará ele próprio o meu curso. O amor não tem outro desejo senão o de atingir a sua plenitude. 

Se, contudo, amo e preciso ter desejos, sejam estes os meus desejos:
De me diluir no amor e ser como um riacho que canta sua melodia para a noite;
De conhecer a dor de sentir ternura demasiada;
De ficar ferida pela minha autocompreensão do amor e de sangrar de boa vontade e com alegria;
De acordar na aurora com o coração alado e agradecer por um novo dia de amor, descansar ao meio-dia e meditar sobre o êxtase do amor, voltar para casa à noite com gratidão;
E de adormecer com uma prece no coração para minha amada (DANI) e nos lábios uma canção amor à vida.

•.¸¸.ஐUma paráfrase minha de um texto de Khalil Gibran

•.¸¸.ஐE eu corro

Eu já vi a manhã quando o Sol sobe sobre o mar e o silêncio faz. Um lindo som.
Eu já sentei e fiquei esperando que o tempo parasse, que o mundo todo parasse de girar.
Eu já vi o brilho quando a Lua está nascendo e os sonhos estão perto daqueles que amo.
Eu já sentei e fiquei esperando que o céu me mostrasse um sinal para então poder encontrar o lugar de onde vêm os anjos até que eu descobri que somos todos anjos.
Há uma hora que o tempo vira e eu volto no tempo, no meu tempo. Bem, há um tempo para viver e um tempo para chorar. E eu ainda não desisti de tentar pegar uma estrela, mas aquela onde mora uma flor... A Rosa! 
E eu corro porque a vida é curta, muito curta!

Eu estou assim: correndo, talvez num bosque grego, talvez no quintal da minha casa, mas correndo atrás de uma borboleta de asas coloridas, ou ela está me levando não sei aonde, só sei que preciso ir. E eu sigo. E sigo também o amor. Eu não sei se é atrás do amor que eu estou correndo. Mais, acho que é atrás de mim mesma. Por isso a borboleta... 

Eu não sei o que estou buscando, o que estou querendo, mas isso não me preocupa, porque o mais importante é o caminho, então eu me impulsiono à frente, mas sem deixar de prestar atenção às laterais. Eu me deixo livre, porque eu já me prendi durante muito tempo e eu sei o quanto doeu, o quanto ainda me dói...

•.¸¸.ஐ Canção você

O seu corpo é o violão perfeito
Que eu sonho dedilhar
Compor estrofes em seu beijo
Descobrir a música que a faz gozar

Nas notas que seu corpo toca
Quero ouvir meu nome
Quero sentir em minha boca
O prazer de sua mel-odia

Reverberam em meus sentidos os seus sons
Sua partitura de mulher aguça meu querer
Deliro na harmonia de seus meios-tons
E entoo em minha voz a canção você!


•.¸¸.ஐ De mim para Ana Carolina, porque ela me provoca, me atiça e eu amo!

•.¸¸.ஐPétalas incandescentes

Fecundo cada palavra no desejo de encontrar teu olhar
A tua pele é a musica onde quero mergulhar os meus dedos
O teu rosto, as palavras que escreves
O teu corpo, amo em cada verso em silêncio
Composto na minha alma despida, entregue a ti

Eclode a centelha no sublimar profundo
De um murmúrio sensual…
Verto incandescentes pétalas
Inflamando sonhos de nós
Queimando a distância que nos separa

•.¸¸.ஐ Amor em versos

Os mais belos versos que farei de amor
não foram escritos,
mas serão desenhados,
aquarela febril na sublime entrega.
Mulher.
Minha.

O arrepio transpassa a vértebra
no transpirar da abundante volúpia
a umidade no espaço do puro desejo
olhos fechados por prazer
na ponta da língua

Os beijos comporão imperativos versos
possuir-me-á na totalidade do uno
devorar-me-á na impaciente luxúria
até o último vocábulo

Na extensão da epopéia, o êxtase
cósmica explosão, etéreo cintilar de corpos
efervescendo o magma da eterna fusão
escrevendo amor em versos

•.¸¸.ஐReceita de Páscoa

Não há – ou não parece haver – muito mistério em se preparar uma canjica, iguaria bastante tradicional nas sextas-feiras santas. Milho branco, leite que não pode ser o de caixinha, amendoim, coco, cravo e canela – tudo nas devidas proporções, claro. Há ainda as variações com paçoca e leite condensado, mas isso não vem ao caso neste texto.

O que deve ser considerado aqui é uma canjica em especial. A Canjica da vó Maria. Com c maiúsculo mesmo. Vocês devem me perguntar o que há de tão especial assim nessa Canjica. Pois bem, eu também não sei, apesar de desconfiar de algumas coisas...

Desde que passei a acompanhar o processo de fabricação da Canjica da vó Maria – isso deve ser desde os meus quatro anos, então são dezoito de lá para cá – o recipiente usado para o preparo é o mesmo: um caldeirão. Isso se explica pelo fato de a família ser grande. Vó Maria tem muitos filhos, muuitos netos e alguns bisnetos também. E como quase todo mundo adora canjica, a panela tinha que ser grande.

O que reparei também foi que, apesar de tantos palpites de filhos e netos, a vó nunca mudou a receita da Canjica, sempre fez do jeitinho dela, sempre ouviu a todos, mas nunca se deu a novas experiências. Não com a Canjica.

Tá, mas até aqui não temos nenhum ingrediente especial, nada demais, nenhuma marca de qualquer ingrediente que seja sempre usada, o que me leva a novas especulações. Com a Canjica deste ano, vieram 92 anos de experiência de vida, um gosto pelas coisas simples e um amor límpido que transparece nos olhos azuis que ela tem.

Aqueles ingredientes citados logo no primeiro parágrafo foram mexidos por mãos já cansadas, calejadas de trabalho, de lutas e tristezas também. Nunca perderam, porém, a ternura, a esperança. Dentro do caldeirão, foi posta a alegria pela chegada dos netos, dos filhos que vêm para comer a Canjica.

E, mais uma vez, a gente nem esperou a tampa do caldeirão baixar e já fazia fila com as canecas fartas em volta. Todo mundo rindo, temperando ainda mais a Canjica da vó Maria.

•.¸¸.ஐMenina perdida

Eram duas horas da madrugada quando ela fechou a porta a suas costas. Aquelas seriam as últimas lágrimas derramadas em seu quarto. Aquela seria a última briga em casa. “Aquela garotinha de cabelos cacheados e riso fácil morreu e foi você quem a matou”, ela gritou por desespero e por desabafo a uma mãe alterada, incapaz de vê-la adulta, dona do próprio destino, dos próprios sonhos e desejos.

Quando trancou o portão e jogou as chaves fora, uma dor lancinante, aguda e fria transpassou-lhe o peito. Os joelhos dobraram, mas ela se recusou a cair. Sabia que toda separação doía. Mas sabia que a dor não durava para sempre. Ou até durava, mas depois perdia a intensidade, virava melancolia até ir doer na memória apenas. Nada que boas doses de vodka não pudessem curar.

Mas aquele era o momento de doer e sentir a dor. Era o momento de ver aquele flashback de momentos felizes, de cachos ao vento, de ovos de páscoa, de dias das crianças com muitas caixas coloridas, de noites de Santa Luzia com expectativa de surpresa, de natais com o Papai Noel.

Ela se lembrou de todos os prêmios que ganhou na escola, de todas as vezes que só tirou 10 nas provas, de como se esforçou para ser a garota perfeita. Até que se perdeu de si e não sabia mais quem era. E o caminho de volta para si mesma doeu.

Quantas noites chorou sozinha, baixinho, com medo de acordar alguém? Quantas vezes quis fazer uma pergunta e não tinha ninguém para ouvir? Quantas vezes o medo em seus olhos foi visto como petulância? Quantas vezes ouviu sua mãe dizer que sabia exatamente o que ela estava pensando, quando tudo que ela emitia era um pedido de socorro?

Doeu. Ainda dói. Mas ela cresceu. Sozinha, fechada em si. Viveu todos os dilemas sem contar com ninguém para ajudá-la, para orientá-la. E não foi por falta de tentar. Mas chegou um ponto em que ela desistiu. Abandonou uma relação que se perdeu em alguma esquina do passado. Ela cresceu e não se parecia em quase nada com sua mãe. A não ser pela teimosia. Ela amadureceu.

Não foi fácil se olhar no espelho. Não foi fácil ver quem ela era, tão diferente da garota perfeita, tão cheia de falhas, tão distante da filha querida. Mas ela decidiu viver conforme sua essência, mesmo que tivesse um preço a pagar por isso. Só não sabia que era tão alto.

Muitos sorrisos que conhecia se apagaram. O que antes era tolerância, virou revolta, incompreensão explícita, verbal, mordaz. E ela ouviu calada. Até ontem à noite. Ela sofreu calada. Até ontem à noite. Ela viveu calada. Até ontem à noite.

- Eu não sei, minha filha, quando foi que você se perdeu. A sua convivência com essas pessoas que não vão à igreja levou você para esse caminho. Eu não entendo, filha...
- Chega! – olhar duro, voz ferida – Eu não vou ouvir mais nada. Agora sou eu quem vai falar.

A mãe se assustou. Não estava acostumada a escutar a menina, sempre em silêncio, enquanto destilava sua ladainha de motivos, tergiversando sobre o comportamento dela, o jeito dela, as escolhas dela.

- Você me julga sem me conhecer, sem nunca ter me perguntado nada a meu respeito. Você não sabe o que eu sinto.
- Eu te conheço mais do que você pensa, menina.
- Ah é? Então me diz qual é o maior sonho da minha vida.

Silêncio.

- Qual a minha cor preferida?

Silêncio.

- Qual é o livro que mais me marcou?

Silêncio.

- O que eu mais amo fazer?

Silêncio.

- Você não conhece a minha essência. E desde que eu nasci, tentou me fazer uma cópia de você. Quis que eu fosse alguém que você sonhou em ser. Mas eu tenho os meus próprios sonhos. Eu tenho as minhas verdades. Nós não acreditamos nas mesmas coisas. Você não sabe o quanto doeu me descobrir perdida e eu não tinha ninguém para conversar. Você não sabe o quanto doeu me saber diferente e eu não tinha um colo para aonde correr. Mas eu cresci, sem você. E eu me encontrei.

Incrédula, a mãe olhava a jovem. Segura como nunca a vira antes, dona de si. Algumas lágrimas lhe escorriam na face. De repente, ela se deu conta de que não conhecia a garota a sua frente.

- Me chame do que você quiser. Eu sou mesmo uma menina perdida. Mas eu me encontrei, plenamente, nos braços de uma outra menina perdida, como eu. E você goste ou não, aprove ou não, eu vou viver isso até o fim. E se não for com ela que passarei o resto da vida, eu vou continuar procurando alguém. Mas não espere um genro de mim, o máximo que eu posso te dar é uma nora. E eu não preciso que você me ame. Eu quis isso, eu quis muito isso, mas se eu tiver que deixar de ser eu pra ser amada por você, muito obrigada, mas pode ficar com seu amor. Eu nunca serei a garota perfeita.
- Você mudou tanto... Eu tenho tanta saudade da minha menina de cabelos cacheados e riso tão doce...
- Aquela garotinha de cabelos cacheados e riso fácil morreu e foi você quem a matou! – gritou, silenciando a mãe, a casa, a relação.

Uma dor muda em ambos os olhos, um choro sem lágrimas em ambas as faces. Um tapa ecoou em todos os cômodos da casa e rompeu o tênue laço que ainda as unia. De olhos fechados, a garota pôde ouvir o vidro se estilhaçando dentro de si. Estava acabado. Dali em diante, seguiria como sempre, sozinha.

Entrou para o quarto e logo juntou suas coisas. Couberam numa grande mala vermelha. Além das roupas, sapatos e livros, carregava também seus sonhos, os antigos e os novos. Todos. E ali deixava todas as suas lágrimas, as lembranças de suas noites mais frias e de tantas preces não ouvidas.

A garota saiu no portão e jogou a chave fora. Uma chuva fina e constante começou a cair. A menina abriu os braços para os pingos e eles a abraçaram. E ela seguiu, sem olhar para trás. Mais uma vez, ela cresceu.



•.¸¸.ஐ"Each time I make my mother cry, an angel cry and falls from heaven" - Marylin Manson.

"As meninas perdidas, por algum motivo, perdem suas mães muito cedo, às vezes porque não se sentem compreendidas, às vezes porque seguem a trilha de outra menina perdida que as leva para longe de casa e outras vezes porque é inevitável e escolhem partir antes que suas mães derramem lágrimas, para que anjo nenhum morra ou caia do céu" - Vange Leonel; Balada para as meninas perdidas.

•.¸¸.ஐFleur d'automne

Amanheci outono...
Um ar gélido toca minha face efêmera
e colhe, cálido, meu amor eterno...
Sou a magia imperfeita
da libertação dos silêncios da alma

Entrego meu ser às estrelas
e corro livre junto ao vento
perseguindo as vozes da lembrança
para resgatar minha história perdida no tempo

Busco versos encantados e atemporais
querendo saciar meu desejo surreal
de fazer encontrar Sol e Lua

Envolta nos mistérios cavalgo pelos sonhos,
velejo nos mares de tua saudade
e passeio leve pelo teu pensamento

Sendo filha da vaga imaginação,
danço em tua alegria, sou parte de tua emoção
e caminho serena na palma de tuas mãos

Brincando de ser poetisa,
escrevo meu nome em tua vida
instalo-me no aconchego de teu coração
como brisa encantante viajando pelos perfumes do ar

Calo meu olhar e guardo a noite...
Sou inteira flor das suas fantasias
meus lábios pétalas desabrocham beijos
na imagem querente de tua boca terna...

•.¸¸.ஐJardim das delícias

A poetisa olhava-a fixamente da fresta da cortina. Linda. Observava-a no jardim da casa dela, cuidando de uma roseira. Da janela de seu quarto, acompanhava a movimentação da vizinha. Mãos revolviam a terra, limpavam o suor da testa, deixando caminhos marrons na face.

De olhos profundos e inquietantes, espreitava a beleza, com cintilante vontade de provar as melodias dos beijos quentes prometidos por aqueles lábios. A jardineira regava as flores sem saber que molhava também outra flor, oculta, querente. Valentina soube antes escrever o que o céu desenhava, os traços escorrendo pela tinta como fragmentos de um pincel desnivelado, as formas divagando sobre a natureza que os seios-botões lhe insinuavam.

Embebida em leves nuances de paixão e alegria, desejou percorrê-la na intemporalidade dos sonhos. Vontade de um toque, um abraço, um gosto. Um canto quase místico alcançou-lhe os ouvidos. A beleza era mais do que a voz.

Viu-se descendo os degraus até o portão. Viu-se seguindo os passos que tanto imaginou. Viu-se entrando no jardim onde vagueavam seus versos flamejantes. Viu-se diante dos olhos orvalhados de luar que tanto a fascinavam.

Sorriso. Surpresa. E eclodiu a centelha no desejar profundo. Incandescentes pétalas deixaram a corola que as abrigavam e foram beijar-lhes os pés. Ao toque da paixão, os lábios consumiam os sóis de outros céus, vivendo o encontro cujos gemidos caíam no equinócio de uma voluptuosa primavera.

•.¸¸.ஐNa curva de meus voos

Com tal leveza posso percorrer o globo
ir e vir ao acaso, como as borboletas.
Não sou eu, mas a minha alma alada

E abrem-se os palácios,
e percorro tesouros guardados,
e sou sorriso e silêncio

Na dia encontro a noite,
convidativa e amistosa
Voo sobre séculos e horóscopos
ouço dizer que me amam
como ninguém jamais o poderia confessar

Não tenho idade, nem tribo,
nem rosto, nem profissão
posso fazer o que quiser
com palavras, harpas e almas

E não há volta ao casulo
E já não há medo nenhum da morte
E em meu pensamento há néctar, pólen e amor!



•.¸¸.ஐAmig@s, retomei minhas aulas na universidade esta semana, por isso não tenho tido mais muito tempo para visitá-l@s de segunda à sexta-feira. Mas me dedicarei a este meu pedacinho de céu e às visitas a tod@s nos finais de semana.

Beijos e borboleteios...

•.¸¸.ஐDespertar

Uma nesga de luar se esgueira no balançar da cortina e encontra os mamilos túrgidos aguardando o acariciar da madrugada. Deserdada da serenidade, ela irradia o calor do desejo, pois da flor do querer nascera.

O vento sopra mais forte e abre o caminho para a Lua descer sobre o corpo dela e chegar-lhe ao cálice onde guarda o vinho precioso feito do néctar de sua flor. E o corpo dela reage como o rio a uma tempestade... Com vida!

Ondulando-se em carícias brandas, a luz percorre em curvas o destino de curvas feito. Enquanto o lençol ondula com o bailar do corpo, caem as pétalas das horas perfumadas pelo mel do gozo. Num flamejar de urgências, ela desperta com o Sol a suas costas e a Lua a seus pés.

•.¸¸.ஐTato

Posso falar de amor de diversas formas.
Mas falarei pelo tato.
Falarei das sensações que tu me provocas.

Direi que tu aceleras meu pulso.
Confessarei que tu acertas meu compasso.
E esse amor é intenso, de simples não tem nada.

Quero ter-te mais, mais e mais.
Em ti, encontrei o amor, dádiva de Eros
Benção de Afrodite

A ti chamo por diversos nomes:
Namorada e amante
Amiga e musa...
Amor meu!

E vou abraçar-te, sim, num abraço maior.
E beijar-te como quem está sedenta diante da fonte!
E fazer amor com muita fome

E entrelaçar as mãos como quem encontrou sua alma-metade.
E olhar nos olhos e dizer: esse amor nos basta
Porque ele é maior do que nós!

•.¸¸.ஐMulher... unicamente

Já ao alvorecer pode-se notar sua deliciosa presença vagando pela casa
Cuida da prole, do seu homem, de si mesma e sai...
Ganha as ruas, o mundo dos negócios, da política, do futebol
Que outrora se mostravam inacessíveis e dominados.

Com sua inteligência, sensibilidade, diplomacia
E tantas qualidades mais, vence guerras, derruba barreiras,
Destaca-se, brilha, impõe respeito, inspira admiração
Naqueles que antes duvidavam do seu talento.

Mesmo em sua reunião mais importante do trabalho
Preocupa-se com seus rebentos muito amados
Gerados e esperados em suas bolsas de luxo,
Capazes de mexer com o mundo e torná-lo mais belo e gentil.

Rainhas, presidentas, musas inspiradoras,
Donas-de-casa, trabalhadoras do dia-a-dia,
Todas muito mais que especiais. Todas igualmente poderosas.
Todas unicamente... Mulher!

•.¸¸.ஐA bolsa

Liah passeava por uma rua qualquer do centro da cidade onde morava e olhava vitrines para se distrair. Passava em frente a uma lojinha pequena, ninguém dentro, quase despercebida, quando viu a bolsa num cantinho da vitrine. Não era qualquer bolsa, era a sua bolsa. Bolsa de mulher é especial, única. São muitas, é verdade, mas cada uma única. Tem que caber tudo que elas pensam que precisam carregar. Se bobear, tem que caber até os sonhos delas.

Sabe aquela sensação que se tem de que alguma coisa foi feita para você? Foi isso que ela sentiu. Liah entrou e logo foi atendida por uma senhora simpática. A bolsa era até mais barata do que ela imaginava. Tinha o dinheiro na carteira. A bolsa era dela.

Saiu dali e foi direto para casa. Chegou e ficou admirando a bolsa, esperando que o outro dia chegasse logo para que ela pudesse usar o novo acessório. E assim fez. Vestiu a calça que mais gostava, uma blusa neutra e deixou o colorido para a bolsa. Ela saiu de casa e já no ponto de ônibus, sentiu que as pessoas a olhavam. Para Liah não, para a bolsa.

No caminho para o trabalho foi a mesma coisa. A bolsa sempre chamando a atenção por onde passava. Liah podia imaginar o sorriso orgulhoso daquele pedaço de pano costurado e modelado em formato de bolsa. O que ela mais gostava eram os dois lacinhos de cetim nas laterais e o colorido, claro. Todo mundo olhava a bolsa de Liah, mas ninguém falava nada.

Talvez as pessoas não quisessem admitir que estivessem olhando. Talvez não quisessem falar mesmo. Quando chegou ao seu local de trabalho, a chefe dela ficou visivelmente encantada com a bolsa. Os olhos perguntavam: “onde será que ela comprou?”. A boca, porém, não pronunciou nenhuma palavra além do “bom dia” habitual.

Liah trabalhou normalmente durante o dia, mas deixou a bolsa ficar se exibindo em cima da mesa. No elevador, em seu horário de saída, as pessoas estavam coincidentemente falando de bolsas. Não da bolsa de Liah, mas de bolsas em geral, dessas grandes que estão na moda. Algumas mulheres falavam alguma coisa quando Liah e sua bolsa entraram cortando os dizeres ao meio. E todos permaneceram em silêncio até o térreo. Em silêncio e olhando para a bolsa colorida que quase tinha vida própria junto a sua dona.

As pessoas esperaram que ela saísse do elevador para depois saírem. E lá se foram Liah e sua bolsa orgulhosa desfilar pelas ruas até o ponto de ônibus. A moça cantarolava uma música que combinava com o colorido da bolsa. Ambas sorriam. As pessoas passavam por elas e ficavam curiosas para saber de onde vinham os sorrisos. Não descobriam.

Liah e a bolsa chegaram ao ponto de ônibus e receberam olhares atentos vindos de todos os que estavam ali. Alguém podia até comentar alguma coisa, mas teria o cuidado para que as duas não ouvissem.

Naquele dia, o ônibus demorou mais a passar. Talvez quisesse dar mais tempo para que as pessoas pudessem admirar a bolsa. Talvez estivesse preso no trânsito mesmo. Liah tentava se distrair olhando para o céu. As pessoas não entendiam o que ela tanto via. Estava olhando para a lua. Era a primeira noite de Lua cheia. “Perfeita!”.

Distraída, enquanto a bolsa continuava a se exibir, Liah não viu quando uma moça se aproximou.

- Ei.
Ela se assustou.
- Desculpa, não queria assustar você.
- Tudo bem, eu estava distraída.
- Tem muito tempo que você está aqui?
- Mais ou menos.
- Você viu se o Dom Bosco – Ipiranga já passou? - perguntou a moça muito baixinho.
Liah não entendeu e pediu que a moça repetisse a pergunta duas vezes até conseguir ouvir.
- Ah! Esse ainda não passou. Pelo menos não enquanto eu estava aqui.
- Hum... Obrigada.
- De nada.

Não demorou nem mais meio minuto e o ônibus de Liah finalmente chegou. Como a moça estava ao seu lado, ela resolveu se despedir.
- Tchau.
- Tchau... E que bolsa linda a sua.
Foi a vez de Liah agradecer e sorrir.
- Obrigada.

E finalmente foram para casa Liah e a bolsa orgulhosa.

•.¸¸.ஐEu não sou um anjo

eu não sou um anjo...
mas não pense que eu não vou chorar
ferida como a borboleta
que voa ao céu com uma asa sangrando

me permiti pendurar nas alças dos desejos...
dos meus desejos!
me permiti entregar minha alma
ao desvio onde tantos a perderam
e meu coração não poderia se quebrar
pois, desde o início, nunca foi inteiro!

parece que você não percebeu: o bebê cresceu!
não sou mais uma menininha. Sou uma mulher!
e por esta afirmação entenda o que quiser
porque eu não vou me explicar
mulher não se explica
se é... significa...!

eu não sou anjo...
mas isso não denota que eu não vou viver
a pilha do controle remoto acabou
a transmissão direta chegou ao fim
e não há como reconectar

eu não sou um anjo...
mas isso não quer dizer que eu não vou voar
só preciso ficar leve e vazia
de todo passado que corre em minhas veias
e não haverá lágrimas de despedida

não entenda isso como um adeus,
veja como um tchau, sem prazo de validade...
você não me perdeu
simplesmente porque nunca me teve...

eu não sou um anjo...

•.¸¸.ஐNoite de luar

Era noite... Estava deitada em minha cama, à luz da lua, contemplando o brilho das estrelas. Enquanto pairava sobre minha alma uma escuridão tempestuosa e densa, minha face permanecia inerte diante àquela beleza esplendorosa.

Mas por dentro, meu espírito estava em chamas, um turbilhão de emoções e sentimentos me invadiam o ser... Tudo tão confuso e embaraçoso que eu já não podia ver mais nada, apenas escuridão.

Há muito me sentia indiferente, desconcentrada e nos mais diferentes lugares e situações, me via pensando em pessoas e atos que nunca antes passaram pela minha cabeça... Mas uma, apenas uma pessoa chamava minha atenção...

A única que ficava todas as vezes, a única que mexia em minhas certezas: uma mulher... Pele clara, cabelos loiros como os raios de Sol, alta, rosto atraente, traços marcantes... É de todas a mais bela. Ouso dizer, Filha da Vênus!

Seu olhar... Sensual, penetrante, pegou-me desprevenida. Não pude deixar de fitá-la, notá-la olhando para mim. Ah! Jamais vira olhos assim... Tão intensos e atraentes. Senti-me excitada. E quando dei por mim, estávamos sozinhas, todos os que ali passavam haviam desaparecido.

Nesse momento, desejei-a mais que a própria vida, e comecei a caminhar para ela. Aproximava-me lentamente, olhares fixos, como se naquele silêncio nossas almas estivessem se encontrado.

Vi que os olhos dela ardiam de desejo e sabia que os meus correspondiam. Quando senti o seu perfume, pura rosa, delirei. Deixei que seu olhar me penetrasse, que chegasse a minha alma e me senti nua. Num instante, estava em seus braços, seus beijos.

Sorrindo, entreguei-me àquela mulher da qual eu não sabia quase nada, apenas o nome. Nossos corpos pareciam em chamas e nossas almas num balé celestial de tão sincronizado, tornaram-se uma só!

Por horas nos sentimos flutuando, chegamos ao paraíso e ele nos pertencia. Éramos as donas do mundo, das vontades e das verdades, do prazer e da felicidade. Foram momentos de êxtase total. Nossos corpos estavam exaustos e satisfeitos. Os olhos dela eram um oceano de sentimentos onde eu mergulhava e ia às profundezas, sem medo...

Deitamo-nos lado a lado, abraçadas. Nossos corpos nus reluziam à luz da lua, a brisa suave da noite nos envolvia e o fino orvalho que entrava pela janela deixava úmida nossa carne. Permite que ela me tomasse para si. Um longo e gostoso silêncio permanecia entre nós, no qual nossas almas juravam amor eterno. Assim adormecemos.

Ao amanhecer, estava só. Minha cama coberta de rosas escarlates como sangue e eu, envolvida por um fino vestido de seda branca. Ao querer levantar, fui advertida por uma voz bem conhecida. Ela estava ali, pintando um quadro. Quando terminou me chamou para ver. Era um retrato meu, como estava na cama. Dei-lhe um longo e delicioso beijo e deixei que partisse, mas fiquei com o quadro.

Agora, estou deitada em minha cama olhando a lua, as estrelas e buscando os olhos dela. Uso o mesmo vestido branco e continuo cercada pelas mesmas rosas que, não sei explicar como, não murcharam. A porta se abre, é o meu Anjo de volta. Levanto-me sorrindo enquanto ela vem ao meu encontro.

Toco sua face suavemente e dou-lhe um beijo de boas-vindas. Nossos corpos querem se redescobrir, viajar aos lugares longínquos que visitamos e revisitar o paraíso em nossa eterna noite do prazer, nossa noite de luar.