E se você acha que uma coroa não pode servir a duas rainhas, engana-se. A dupla de estrelas da Seleção Brasileira Feminina de Futebol são amigas e admiradoras do futebol uma da outra. Marta, a velocista, a habilidosa, a que chega, que distribui. Cristiane, a goleadora, a habilidosa, a centroavante nata, que conclui. Mas elas trocam de posição também. O difícil é escrever sobre, só assistindo a uma partida para explicar. Faltam palavras.
Não seria justo, porém, credenciar a ‘apenas’ Marta e Cristiane o título conquistado neste domingo antes do Natal, no Torneio Internacional de Futebol Feminino da Cidade de São Paulo. É preciso escalar todas! Andreia (soleira), Aline (ninguém dribla), Renata Costa, Janaína, Rosana, Maurine (a melhor jogadora da final), Francielly, Érika e Estér. Sim, são muitas novatas desde a prata em Beijing no ano passado.
Mas o nível do futebol apresentado pelas meninas não caiu. E o melhor é saber que nossa seleção é jovem, média de 22,5 anos. Marta tem 23 anos. Cristiane tem 24. A mais experiente é Andreia, com 32, e em plena forma (nada menos que três super defesas na final do torneio).
Acontece que as Mexicanas enfrentavam aquela que é, por talentos, por bola no pé, por volume de jogo, a melhor seleção do mundo. Escrevo isso com o aval de alguns ‘entendidos’ de futebol – inclusive meu pai. Mas mesmo que não tivesse o aval de ninguém, afirmaria o mesmo.
Fato é que aos 22 minutos, Maurine (a bela) cobrou escanteio e Aline mandou, de perna esquerda, para a rede. Empate! Depois, show de Marta, sua majestade. Numa saída de bola confusa da equipe adversária, rebote no meio campo e Marta, saindo da marcação, chutou com categoria na saída da goleira. Gol com assinatura de quem sabe o que faz com a bola nos pés!
Na virada de campo, as mexicanas voltaram com tudo. E, mantendo a escrita de outros torneios, quem ataca o Brasil, acaba tomando de goleada (vale a pena ver essas meninas jogando!). O terceiro gol brasileiro veio de uma jogada de Érika. A conclusão foi de Alina Garcia, contra (a bola bateu nela e entrou). A mesma Alina teve participação no quarto gol brasileiro, nascido de (outra) jogada de Marta. A arbitragem, porém, anotou gol para a rainha da bola (merecido!).
Ah, não poderia deixar de registrar o espetáculo nas arquibancadas. Pacaembu (SP) lotado para assistir a Seleção Feminina. Torcida empolgada pelo futebol alegre dessas meninas. Aplaudiram de pé, gritaram os nomes delas. E comemoraram muito junto com elas quando o jogo terminou. Empatia instantânea! Eu me emocionei em casa. Lindo de assistir. Parabéns também a toda a comissão técnica e os cumprimentos ao treinador Kleiton Lima.
E a torcida ainda não terminou. Amanhã tem eleição dos melhores da Fifa de 2010, em Zuriquena Suíça. Marta e Cristiane estarão lá junto a Inka Grings, Birgit Prinz (alemãs) e Kelly Smith (inglesa). Fato é que as brasileiras são favoritíssimas. E outro fato é que qualquer das duas que receberem a coroa, quer dizer, o prêmio, estará muito bem entregue. E eu não tenho dúvidas que as outras serão mais três a aplaudir a vencedora brasileira – qualquer resultado diferente deverá ser contestado!