Estou cansada de estar sozinha. Estou cansada de coisas divididas em certo e errado. Estou cansada de religião. Estou cansada de mim. Se eu não fosse tão covarde, jogaria tudo para o alto e sairia viajando pelo mundo até encontrar aquele lugar que eu sonho em chamar de lar. Eu sei que o lar é onde o coração está e que ele pode ser uma pessoa. E eu confesso que pensei ter encontrado meu lar, mas eu sinto que o perdi.
E aonde está o meu coração agora? Eu sinceramente não sei. Eu queria poder respirar e me sinto sufocada. Eu queria parar de doer. Eu queria um abraço e alguém pra me cuidar e dizer que vai ficar tudo bem nos dias que eu vejo tudo cinza. Mas não tem ninguém. Eu queria não ser tão responsável e faltar ao trabalho só para ir ver o mar. Eu queria viver. Não pela metade, não incompleta, não com sorrisos que não têm sentido pra mim.
Cansei de ter a solidão como melhor amiga e de ser triste em essência. Sei que já disfarcei melhor. Sei também que a verdade talvez seja o meu princípio falho. Mas o que eu conheço da verdade? Eu já vivi realmente? Eu tenho muito mais perguntas em mim do que respostas. Sempre fui assim, só mudaram as interrogações. Poucas pessoas me olham nos olhos. Não fico chateada com isso. Por vezes, eu mesma não me sustento olhar. Tenho interrogações demais e transbordo, sempre.
Por que viver me dói tanto? Eu já pensei em morrer. Já desejei isso ardentemente. Até que me convenci de que um caixão e um túmulo não me resolveriam os conflitos. E eu não acredito que tenha só esta vida, sei que já vive e voltei. Sei que voltarei novamente. Mas preciso crescer agora. Ainda que esse mundo me doa. Ainda que a doutrina pregada me fira no íntimo.
Eu sinto falta de um mundo que não existe. Sinto falta do meu eu que não mais existe. Sinto falta de carinho, de abraço e sossego. Sinto falta de ser entendida, de um chão debaixo dos meus pés e de um rumo diante dos meus olhos. Eu sinto falta de amor, do meu jardim, das roseiras da minha avó e do pé de cajá.
Eu estou cansada de fazer tudo mecanicamente. Acordar, estudar, trabalhar, comer, dormir. Estou cansada de apenas existir em dias sem sentido. Estou cansada de vazio, de distâncias, de não-presenças ao meu lado. Estou cansada de não pertencer ao meu tempo. Estou cansada.
Estou cansada dos tribunais diários, de ser um peso na vida de algumas pessoas. Não digo que eu estou certa e tudo no mundo está errado. Até porque, nada é uma coisa só, pelo menos pra mim. Mas eu ainda queria certa dose de coragem, certa dose de alegria. E ainda queira viver num mundo diferente. O meu consolo nisso tudo é o amor. E eu sou filha do amor, não de deus, nem do diabo. E o amor é livre. E até hoje eu nunca disse um 'eu te amo' que não fosse verdadeiro, disso não me podem culpar, ainda que crucifiquem o meu amor.
Mas agora, eu estou cansada. Cansada e sozinha.
Obrigada a tod@s pelo carinho com que sempre me leram. Mas agora eu preciso partir daqui por uns tempos... Não se volto cedo ou se não volto mais...
Beijos e borboleteios