•.¸¸.ஐTatuagem

Preciso sentir o calor do teu corpo em minha língua
ouvir teus versos de amor com o ouvido do umbigo
e me deixar levar.

Agora quem chama sou eu: vem!
Entre nós duas já não existem mais segredos
nem quaisquer formalidades.

Nós fomos assim... feitas uma para a outra,
e nos entendemos tão bem e somos tão iguais
sem deixarmos de ser tão diferentes,
que quando juntas, somos uma só.

Eu não sou uma bonequinha,
nem tu uma super-heroina.
Aliás, nossas realidades sequer se parecem
ou mesmo se encontram,
nós é que construímos a ponte que liga as duas.

Não adianta mais disfarçar,
nos queremos além dos limites do querer.
Uma das coisas que mais gosto em ti
é que enquanto muitos procuram em mim a garotinha,
tu, aos poucos, fazes surgir a mulher para chamar de tua.

E eu, atrevida, me entrego em versos íntimos
tatuados na alma...
revelados apenas pelo olhar!
E os meus versos mais explícitos
só me atrevo a escrever no corpo teu!

•.¸¸.ஐFruto proibido

Anne tentou se concentrar em suas atividades. Deveria revisar três textos ainda antes de sua chefe voltar do almoço. Faltavam 15 minutos e ela nem passara do primeiro parágrafo do primeiro texto. Todos os seus sentidos estavam bloqueados por um aroma.
Ela tem cheiro de jabuticaba...

A concentração da revisora estava distante... Ela sonhava, ainda que de olhos abertos, com um pomar de jabuticabeiras. Pés descalços, caminhava só por entre as árvores com os troncos repletos de frutas doces. Seu desejo, porém, viajava num corpo... Distante.
Ela tem cheiro de jabuticaba...

Anne parecia a Vênus de Botticelli, recém saída de sua concha. Mas as Horas não foram autorizadas a deixar a pintura para recebê-la com vestes. Os Ventos D’Oeste, também presos na moldura, de longe lhe sopravam os cabelos de cor incandescente. A jovem tocava as negras bolinhas brilhantes com as pontas dos dedos e sentia o mel em seus lábios.
Ela tem cheiro de jabuticaba...

Os olhos amendoados da revisora procuravam em cada centímetro do jabuticabal por outros olhos, negros, que tanto adorava; procuravam por aquele sorriso que despertava nela sentimentos ocultos; por aquelas pernas que ela sonhava ter em volta de sua cintura. A cada não-encontro, ardia-lhe ainda mais o desejo de sentir na boca aquele cheiro, de provar dela a delícia.
Ela tem cheiro de jabuticaba...

No instante em que sabia não aguentar mais segurar o querer, ela ouviu a porta se abrir. Não demorou e ouviu também os passos firmes, em cima dos saltos finos que ela conhecia tão bem. Anne ficou de olhos baixos quando sua chefe passou ao seu lado. Algumas atrevidas gotas de suor escorriam por suas costas quando ela ouviu o “boa tarde” de todos os dias.
Ela tem cheiro de jabuticaba...

•.¸¸.ஐDe amor e de Letras

O reino a que pertenço não é deste mundo. Mas, ainda assim, faz parte dele. Ainda que tenha um começo, seu fim não se pode precisar. Quem há de impor limites às palavras?

Não posso dizer que escrevo. O certo é que sou escrita, composta, por letras, palavras, versos e histórias que nascem em mim ou são colhidas em meus vôos de borboleta leitora ao néctar oferecido pelos escritores.

Nasci no prazer primaveril das histórias infantis e escorreguei feliz pelo colo de minha mãe, a Lua, levada nas asas de um pássaro que conhece todas as cores do mundo. Meu castelo tem paredes de grandes histórias e tetos de poesias. As janelas são feitas de crônicas e as portas, de contos de fadas.

As letras são os príncipes que me encantam; as palavras são as pedras preciosas que me adornam; os versos são as luzes que me moldam. E ganho as formas que quiserem e vôo aonde desejarem.

A chegada do Sol que sempre surge com uma nova história, não importando a hora, vem acompanhada do sabor do orvalho da manhã, exibindo seu frescor. E pelo Jardim das Delícias, certamente a fonte onde as letras se abraçam dando a luz às palavras, passeio com o vento. Acompanham-me pétalas de estrelas e nenúfares bailarinas, enquanto flutuo pelo gozo do riso das fadas.

Em campos de sândalo, colho algumas frases e perfumada deixo minha tinta. Toco a terra sagrada e fértil de uma folha em branco. Contemplo o vazio emanando possibilidades. Ao controle de suas vontades, as palavras vão aparecendo, rodopiando, quais ninfas orgulhosas, e assentam-se onde julgam caírem melhor.

E os rios lácteos da Lua fluem pensamentos; e o amor que guia o Universo ao qual pertenço segue seu ciclo, desconhecendo fronteiras; e as palavras vão se pondo em seus lugares, vestidas com roupagens de arco-íris e puxando a carruagem do mágico reino onde me acolhem.

•.¸¸.ஐAmig@s:
Estive ausente por uns tempos. Tive que excluir o blog que tinha por culpa de malware. Resolvi esperar uns dias para refazer o meu pedacinho de céu e aqui estou eu, comemorando com vocês o meu aniversário - 22 aninhos - e o retorno à blogosfera.

•.¸¸.ஐBeijos e borboleteios