•.¸¸.ஐ Dadivosa

Veio de madrugada molhar os pés na primeira onda. Abriu os braços devagar e se entregou à Dama Celeste. Com duas conchas nas mãos, vestida de orvalho, ela era a oferenda naquela noite mística de Lua vermelha. Lilith foi caminhando compassadamente, segura para dentro d’água, sendo bebida pelo mar, que navegava manso pelos seios dela.

Poder-se-ia mesmo afirmar que fora de seus olhos garçons que um pintor retirara a luz com que pintara a Lua. De seus delicados dedos, uma alada canção ascendia, enquanto o mar lhe lambia as pernas. Era luz, era ruiva, era água. Lilith: cor de amor, cheiro de Lua e batizada com néctar de vida. Síntese da beleza noturna.

O sentimento que tinha pela Senhora do Céu era tanto e tão intenso que mergulhou no reflexo acetinado da amada. As cores foram ficando distantes no brilho dos olhos dela. Entregue à própria sede ensandecida, foi se fazendo luz no fluir e refluir das águas. Líquida constituição e desintegração de si acompanhada pelo som próprio da vida em sinfonia com a alma lunar.

Quando toda em luz transformada, parte de tudo e nada, brilhou de dentro do mar e ascendeu. E o mistério das luzes vermelhas irrompeu aos céus. Misteriosamente belas e dançantes, deram forma a imagens-miragens mágicas e encantadoras por revelarem o quão o perto é longe e o quão o longe é perto da unicidade.

1 comentários:



Fil. disse...

Um dos momentos mais poéticos da vida, o mar beijando nossa pele.

*__*