•.¸¸.ஐ Uma antiga revolta temperada com TPM

Não é de hoje que eu acompanho toda discussão e consequente polêmica e/ou debate em torno de leis que concedem direitos a homossexuais e tornam crime a homofobia. O mais recente capítulo dessa novela se deve ao lançamento do Plano Nacional de Promoção da Cidadania e Direitos Humanos de LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos, no dia 14 de maio.

Dando uma geral sobre o que se trata (Bru jornalista se intrometendo no desabafo): os livros didáticos deverão incluir, até 2011, a temática das famílias compostas por lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais; reconhecimento dos direitos civis de casais homossexuais; criação de dispositivos legais e jurídicos que garantam o direito do casal homossexual de adotar filhos; modificação da legislação do imposto de renda para que parceiros do mesmo sexo possam ser incluídos como dependentes; suspensão da proibição (ridícula!) da Anvisa de que homossexuais não podem ser doadores de sangue. Em palavras mais bonitas: o plano orientará a elaboração de políticas públicas de curto e médio prazo voltadas à inclusão social e combate às desigualdades. *tremulando a bandeirinha do arco-íris – que mantém o hífen mesmo após a reforma ortográfica*

*Contexto: Bru de cara feia para as notícias sobre o lançamento do Plano*
“Bru, o plano é super completo, vai de encontro a todas as reivindicações dos movimentos LGBT. A iniciativa merece aplausos”. 
Será?

Tudo muito bonito se não vivêssemos ainda numa sociedade infectada – sim, essa é a palavra – por pessoas com mentalidade da Idade Média, dominada pela moral judaico-cristã vigente naquela época. *respira fundo*

Eu não nego o valor do Plano..., reconheço sua devida importância. Aliás, não é com o projeto que estou revoltada, é com as pessoas mesmo. Não, não com toda humanidade. Porque eu realmente credito que ainda há aqueles que pensam, que entenderão o que eu escrevo nestas linhas. *coleguinh@s, unamo-nos! - e isso não é uma convocação par parada lgbt*

Bom, para começar, se vivêssemos numa sociedade de fato civilizada, o Plano não teria razão de existir (oooooooooooooooooooh!). Simplesmente porque ter os direitos civis assegurados por uma Constituição Federal não dependeria de com quem a cidadã – ladies first! – ou o cidadão divide a cama. Aliás, que eu saiba, não existe um único artigo, parágrafo, inciso, ou seja lá que nomenclatura os homo sapiens sapiens ingravataduss do Direito deram para qualquer palavra existente na Carta Magna, dizendo ser a nossa Lei maior exclusiva para os heterossexuais.

Vamos para a prática que um pouquinho de realidade não faz mal a ninguém. Heteros votam, pagam impostos, estudam, trabalham, transam, divertem-se, comem, bebem e fazem suas necessidades fisiológicas. Homossexuais também (mo bem, não somos aliens vindos do espaço)! A única diferença é com quem vamos para a cama. No ‘mundo hetero’, meninas ficam com meninos. Já no ‘mundo LGBT’, meninas ficam com meninas, meninos ficam com meninos, meninas ficam com meninas e meninos, enfim, cada um fica com quem se sente melhor (e todo mundo é feliz \o/).

O fato é que as mesmas obrigações que os heterossexuais cumprem os homossexuais cumprem. E será que alguém consegue me explicar por que é que só os homossexuais é que ainda têm que lutar para terem os mesmo direitos já garantidos aos heterossexuais? A única explicação se funda no atraso mental e na hipocrisia social. Quando eu defendo que as religiões judaico-cristãs e as derivadas (sempre guardadas as devidas exceções) só serviram para atraso da humanidade... *paciência zen*

Se eu for externar a minha revolta toda de uma vez, acabarei escrevendo um tratado, então procurarei me conter um pouco. Eu só não posso de deixar de comentar aqui sobre uma defesa constante que ouço daqueles que se posicionam contrários à adoção de crianças por casais homossexuais (adivinha de que grupos essas pessoas são? Sempre pertencem a alguma igreja...).

O argumento levantado é que uma criança criada por pais homossexuais pode apresentar traumas, distúrbios, podem ser influenciadas a serem também homossexuais (por acaso ser homossexual é um distúrbio?). Oh, mas que perigo que é ser homossexual (no argumento das pessoas religiosas, homossexual é sinônimo de anomalia, de mal social). Pois bem. Será que ninguém NUNCA parou para pensar nos traumas e distúrbios sofrem muitas crianças homossexuais criadas por casais heterossexuais? Mesmo que esses casais sejam os pais dessas crianças?

Pois eu não estou dizendo nenhum absurdo. Acontece que as pessoas que se posicionam de modo contrário ao direito dos casais homo adotarem parecem considerar que só há homossexuais adultos, que ser homossexual seja uma opção, uma escolha que uma pessoa faz na idade adulta, assim como escolhe o carro que vai comprar, por exemplo.

Eu não vou dizer aqui que isso de ‘virar gay’ não existe. Só que também não vou ficar louca tentando justificar ou, mais ainda, tentando encontrar uma causa para a homossexualidade. Por acaso existem estudos sobre a heterossexualidade? Óbvio que não. Homossexuais e heterossexuais existem desde que a humanidade existe. Aliás, desde que a vida existe, porque o homossexualismo também é COMUM, NORMAL, PRESENTE em diversas espécies do reino animal (entre peixes, répteis, anfíbios, aves e mamíferos. Um exemplo? Nosso querido rei da selva, o leão).

Mas voltando à questão que eu me propus a levantar. Não digo nenhum absurdo quando menciono o fato de crianças, adolescentes, jovens, adultos, idosos homossexuais sofrerem de traumas ou distúrbios psicológicos por terem sido criados por pais completamente despreparados (graças às religiões judaico-cristãs e derivadas!) para lidarem com a NATUREZA homossexual de seus filhos. E NINGUÉM QUESTIONA ISSO! Por quê? 

“Porque o errado é o filho homossexual, porque isso é uma doença, porque isso é uma vergonha para a família”. Juro que se ouço alguém dizendo alguma asneira dessas do meu lado eu não me seguro mais, mesmo sendo aprendiz da paciência oriental e de mestra Lao Ma (adoraria ter o'poderzinho' dela).

Como, porém, quem conta a História são os vencedores ou a maioria, não existem muitos relatos ou tratados de como era o relacionamento de pais com filhos homossexuais antes de as religiões judaico-cristãs e derivadas se alastrarem pelo globo. Mas não se conhece também nenhuma repressão ao homossexualismo até o domínio do pensamento ser invadido pelas religiões já citadas. Na época dos deuses antigos, até mesmo divindades eram descritas em relações com deuses do mesmo sexo (saudades desses bons tempos...). Dói-me um pouquinho admitir que foi Platão a lançar sementinhas que germinaram feito ervas daninhas e geraram grande parte da doutrina judaico-cristã (mesmo que por distorções enormes do pensamento do filósofo grego). 

Bom, depois de me lançar a essa nada pequena exposição, já sinto a calma retornando. Mas quero ainda registrar aqui meu repúdio por esta sociedade cujo fator determinante para se ter direito a ter direitos é o ato sexual (com quem se transa ou não). E quero também relembrar que a Revolução Francesa aconteceu em 1789 e, desde então, institui-se o ESTADO LAICO, a SEPARAÇÃO entre Estado e Igreja. E eu ainda tenho esperanças de que futuras discussões que competem EXCLUSIVAMENTE ao Estado não sejam influenciadas por nenhum pensamento religioso. 

Eu preciso esclarecer ainda que não defendo o fim das religiões – de nenhuma delas. E as igrejas têm todo o direito de continuarem com suas doutrinas e defendendo suas ideias anacrônicas e preconceituosas. E as pessoas que quiserem têm todo o direito de segui-las e acreditar nelas. Só que eu me recuso a admitir que isso interfira de forma significativa na minha vida enquanto cidadã. A Idade Média já passou e eu não devo satisfações a padre algum ou a qualquer pastor. 

Para terminar, devo dizer que não ligo de ser chamada de louca ou de anormal. Responderei com Oscar Wilde, segundo o qual o conceito de “normalidade” é ilusão imbecil e estéril.

17 comentários:



Anônimo disse...

Uma coisa que eu sempre pergunto: quando o hétero percebe que é hétero?Quando ele assume a heterossexualidade?Oh deusas, já foi provado que filhos de mães lésbicas são mais ajustados psicologicamente.Beijinhos.

Paula Barros disse...

Concordo com você, só é necessário esse alarde todo, todas as exigências de direitos porque existe o preconceito, a exclusão, e até perseguição.

É feito ter um vagão no metro exclusivo para as mulheres, para mim isso é retrocesso. E muitos outros "direitos", quando necessitamos de leis que sejam cumpridas.

Confesso também, que estranho ainda algumas situações.


Lembrei de uma história que provoquei. Cheguei em algum lugar com uma amiga, e casal tinha desconto. Disse:
-quer dizer que se eu e ela somos namoradas temos desconto?
-Não
-quer dizer que você tem preconceito com homessexuais?
-senhora, não estou dizendo isso.
-e o desconto não é para casal?

-e se eu e ela virarmos um casal agora, temos desconto?

E nisso fiquei um tempinho brincando, indo e vindo na pergunta, resultado, nada de desconto, e mostra que existe esse preconceito.

abraços

meus instantes e momentos disse...

Muito bom teu texto.
e ninguem tem que provar nada a ninguem.

Que cada um que viva....simplesmente.
maurizio

Ava disse...

"Tudo muito bonito se não vivêssemos ainda numa sociedade infectada – sim, essa é a palavra – por pessoas com mentalidade da Idade Média, dominada pela moral judaico-cristã vigente naquela época."

Bru, um grito de protesto!

E o Parágrafo acima resume tudo...

A sociedade, por mais que alardeie o contrário, tem uma mentalidade tacanha.
E isso, minha querida amiga, não é fácil mudar...

O Preconceito ainda está irraigado até a medula...

Mas pessoas como vc faz a diferença!


Te admiro e te gosto muito...



Beijos em seu coração!

luis lourenço disse...

escritora Linda!

li tudo... continuo admirando a tua bravura...de menina e de escritora...essas matérias são tão privadas que não tem outro jeito senão respeitá-las...e nunca discriminá-las.

beijinhos

Véu de Maya

Anônimo disse...

eu acho que as pessoas devem ser julgadas pelo carater e nunca pela opção sexual, desde que haja mutuo respeito, ninguém deve ser discriminado, sou a favor, não aceito cantada homossexual, mas não sou contra a opção de cada um, liberdade de escolha sempre, bjus Bru

Fala Rapha disse...

Tem hora que nem a própria Lao Ma ia se segurar, Bru. A sociedade tem muito o que aprender ainda. Tem hora uqe JURO que só faço as coisas pensando que, daqui a 21 anos, outra "Rapha" vai tá aí e eu quero que a vida dela seja um pouco mais fácil que a minha.

beijos linda

Vivian disse...

...vou fazer como a Copélia
(Sai-de-baixo) rss

prefiro nem comentar...

adoro você, menina lindaaa!

saudades

Pelos caminhos da vida. disse...

Tem selinho nota 10 lá pra vc amiga.

beijooo

Izinha disse...

Oi amiga,

as pessoas devem ser como são, concordo com vc..é super justo esse desabafo.

mil bjos prá ti!

Ava disse...

Minha linda, já atendi seu pedido...

Vc é uma pessoinha muito especial!


Beiojos e carinhos!

Mundo The L. disse...

Fazer agora enquanto há tempo...
a construção dos melhores modos é feita por nós a cada dia...

é preciso entendermos nosso papel e não limitar-nos ao lugar comum que nos é dado...

Viver, fazer é melhor do que sonhar...
nossos sonhos, os que nem acreditamos possíveis ainda, serão vividos pelo futuro...

um tempo em que, sei!, dizer: "sou homossexual" será tão desnecessário, por ser aceito, como "sou hetero..."!

um beijo!

Carla disse...

concordo com o que escreveste e foi com prazer que li o teu post
beijo

Cadinho RoCo disse...

Gosto da sua personalidade mas quero adverti-la para o fato de que uma coisa é religião é outra é igreja. No plano religioso cristão será fácil perceber a ausência de preconceitos, até porque a religião nos remete a uma circunstância por demais introspectiva. E nem é preciso ir além do que disse o próprio Cristo: Amai-vos uns aos outros. Não percebo aí nenhuma conotação que distingua uns dos outros. Já no plano institucional, das igrejas, a conversa é outra. Enquanto cristão afirmo com toda segurança, por força da fé, ser Deus tanto homem quanto mulher, não há distinção de sexo naquele que é. E já aproveito para manifestar meu carinho afeição e amor a você independente da sua postura soial, sexual, institucional ou seja lá qual for. Só porque gosto de você.
Cadinho RoCo

Daniella Paula disse...

Eu me recuso a acreditar que ainda tem gente que prefere que uma criança viva num orfanato e afins, a viver com um casal que simplesmente sente atração por genitálias iguais as suas.

É, no mínimo, assombroso.

Adorei o texto. Parabéns nega!
Cheiros!

Dois Rios disse...

Bru, minha linda, a minha opinião é que, em se havendo necessidade de criar um plano para algo visto como "diferente" pela sociedade, só aí, já habita o preconceito.
É o mesmo que acontece com a raça negra que, por lei, não pode mais ser chamada de "negra" e sim de "afro-descendente." Essa baita hipocrisia não mudará a opinião do discriminador. Somente o calará em público.
No caso citado pela Paula, se houvesse uma lei obrigando a não discriminarem casais, sejam homo ou heteros, o restaurante a cumpriria dando desconto para todos, mas isso não quer dizer que a mentalidade dessas pessoas mudaria.
Ainda falta muito chão para que as pessoas aceitem as outras pelo seu caráter e não pelas suas escolhas sexuais.

Beijos, minha linda jornalista!
Inês

O Seu Livre Arbítrio disse...

Concordo com você e foi ótimo ter lido e visto um ponto de vista como o seu, o que mostra que ainda tem muitas pessoas admiráveis nesse mundo corrompido.